Pequena colagem/recapitulação dos últimos dias
Tudo começou após assistir o BRAT dos filmes, A substância, 2024 (verde é a cor do ano mesmo, né), e eu tive uma reação bem, bem negativa a ele. Fiquei muito impaciente porque o filme não estava indo pra onde eu achava que ia, e o que eu observei nele (que era o que todo mundo estava falando sobre) parecia muito óbvio e repetitivo. Depois concluí que isso se tratava de sono e de não saber o enredo do filme de antemão. Aí começou uma maratona de filmes com enredo ou recursos semelhantes, graças a indicações muito boas (obrigado Jaquelyne) e que viraram minha maratona de filmes "spooky", aproveitando que estávamos em outubro (e eu só percebi isso quase no final do mês). Aqui vão alguns deles.
Monstro Elisasue e o rosto que ela um dia já teve e destruiu (ou foi destruído?), porque já não era suficiente pra performar, em A substância - 2024
Allie X e a dor de sua persona artística (mascarada) em Black Eye (2023) - uma das possíveis interpretações... Performar dói e ela assume esse fardo, às vezes até demais.
Helter Skelter (2012) tem a mesma dinâmica de Chicago e Memórias de uma Gueixa que eu acho genial. Uma vilã trágica e amarga (e justificada), que nesse caso, é a própria protagonista. Uma personagem mais nova que ascende ao topo da indústria, e que nesse caso é bem mais realista e até niilista que nas outras duas obras.
Uma vez eu vi uma mulher falando que os homens tem inveja das mulheres e isso nunca mais saiu da minha cabeça. Eu me perguntei se esse filme não tinha o subtexto de que por a personagem ser bonita e sexy (vulgo puta) -o máximo de poder que uma mulher pode ter na cabeça de um homem- ela precisava ser punida, e por isso a decadência dela. E acho que o filme retrata isso no final do ponto de vista do policial que faz parecer que ela foi uma coitadinha que morreu porque era vaidosa demais. Ver que ela se desfigurou (fez um sacrifício de Odin) pra sobreviver é extremamente satisfatório.
Essa é a última cena de Olhos sem rosto (Les yeux sans visage, 1960 - chiquérrimo), que espelha a primeira aparição da personagem: uma virada de câmera dramática que ao invés de um rosto estrelar, como era costume na antiga Hollywood, mostra apenas uma cabeça de costas. Nessa primeira aparição, a personagem tem a cabeça enfiada no travesseiro: não quer ser vista e nem ver nada nem ninguém. Já nessa última cena o efeito é totalmente o oposto: nós não vemos o rosto dela, mas ela olha pra frente, agora que está livre de ser uma cobaia nos experimentos do pai.
Olhos sem rosto (1960)
Eyes without a face - Billy Idol (1983)
A pele que habito (2011) - não acho que o filme seja sobre transexualidade e sim sobre como a figura da mulher perfeita pra um homem no fim é uma coisa vazia, e uma projeção do próprio homem/masculino.
Girl with no face - Allie X. Obcecado por esse álbum quase um ano depois do lançamento - minha cara.
É muito oportuno que a maioria dos filmes mencionados até aqui tenham como ambientação a indústria do entretenimento de alguma forma, mas nem de longe se resumem a isso. Inclusive porque tanto A substância quanto Kasane remetem a contos de fadas (esse último diretamente) por serem alegóricos, o que mostra que eles estão falando de algo mais embaixo. Estamos falando sim de performance, e de personagens femininas... Mas a feminilidade em si é uma performance. A vida em si também não é uma?
Sem querer acabei chegando em outro filme que nem ia entrar nesse post, mas que é igualmente fascinante, O homem de palha (1975). A gente cria festas, bailes de máscaras, procissões carnavalescas, pra tentar dar algum sentido pra vida, e por mais artificiais que essas coisas sejam, a gente se agarra a ela com unhas e dentes porque precisamos delas. Acabei escrevendo mais do que eu planejava, mas que fique a título de registro minha maratona aqui, aliás preciso fazer isso (o registro) com mais frequência. A sequência se encerrou comigo reassistindo - e adorando - A substância. Até outra hora, and in the meantime, take care of yourself.
A substância / Black eye / Helter skelter / Les yeux sans visage / Eyes without a face / Kasane - love and fate / Eyes without a face / Girl with no face / The wicker man












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